Ambiguidade

Rafaela Hübner
1 min readMar 17, 2024

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Nem sempre eu aceito ser ambígua. Eu gostaria de viver sem complexidade. Minha psicóloga me perguntou porque eu fiz Direito e eu respondi que eu imaginava que estudando regras, eu saberia guiar minha vida.

Lembro até hoje que na minha primeira aula, segunda-feira de manhã, introdução ao estudo do direito, a professora desenhou dois círculos entrecruzados no quadro e explicou que justiça não é o mesmo que Direito. Foi um choque e talvez eu devesse ter largado o curso ali. Que somente onde os círculos se entrecruzavam era a morada da justiça.

Ali, eu precisei aceitar que não existiam as respostas que eu buscava, não existia um manual e que mesmo em um mundo hermético como o Direito, há contaminação pela complexidade.

Hoje participei da formatura de uma turma de ensino médio, uma turma que aprendi a amar, que conheci cada estudante e cada vida que eles carregavam. Aprendi que posso amá-los como se fossem meus, participei da formação deles.

Entendi que ainda que eu deseje uma vida apartada deles, o sentimento prevalece. Que mesmo que eles devam me esquecer em breve, eu vou carregar os atravessamentos deles. Daqui há alguns anos, eu me vejo sorrindo ao saber das conquistas deles.

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Rafaela Hübner
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